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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Porto

Parado à tua porta.
Estás longe de imaginar que estou aqui,
Parado, à tua porta.
Eu não sei se estás aí,
Não vou tocar-te à porta.
Estou apenas aqui, sentado
Parado
À tua porta.

Entra (dir-me-ias tu)
Por favor, entra
(dir-me-ias, se soubesses
Que estou aqui ao lado
No carro
Estacionado
À tua porta).

Não sejas tão duro contigo
(Dirias)
Dá-te um momento
Bebe um copo comigo
(Dirias, se soubesses
Que estou aqui, parado
À tua porta).

A porta de onde saí, em tempos
Talvez de mal contigo, não sei
(já foi há tanto tempo)
A porta onde sempre me medi
Esse lugar de onde fugi e que é hoje
O meu porto de abrigo.

Salmão traído, assim me sinto
Todo eu, piloto automático
Rodas de automóvel
A guiarem-me a ti.
Ao teu portão: o teu portal
Sorumbático, retraído
Grave, comedido:
Entra, por favor (dir-me-ias tu)
Escuta aquilo que te digo:
Tira os olhos do chão
Não sejas tão duro contigo:
Dir-me-ias, se soubesses
Que aqui estou, imóvel
Hesitante, no automóvel
Estacionado
À tua porta.

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