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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Tess is my home

Do lado de fora, debaixo de uma chuva torrencial, o “fiel jardineiro” olha pelo vidro da portada o interior da sua casa, agonizando por nunca ter lá conseguido entrar. A casa, simbolizando a mulher, que ele nunca conseguiu alcançar. Metáforas do cinema, objectos simbólicos que ficam, pela sua força, retidos no meu imaginário, o meu pequeno sótão, onde Fernando Meireles tem o seu lugar.
Já lá vão alguns anos desde que “The constant gardener” passou no cinema, mas ainda hoje me sabe bem o estalo de luva branca. Saboreio a forma como o filme nos engana e nos encaminha para um plot de adultério, onde relegamos para segundo plano as verdadeiras intenções da suposta mulher adúltera. Colocamo-nos sempre, preconceituosa e egoisticamente, nos olhos do marido, e tal com ele descobrimos quão facilmente se desvaloriza uma causa.
A nossa casa cruza-se por vezes connosco nas ruas. Está nos outros, está também em nós. Mas nem ligamos, tão distraídos que estamos a cuidar, zelosamente, do nosso pequeno jardim.

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